Quando anoitecia ela sentia deslocar-se algo estranhamente
familiar dentro de si. Não havia exatamente dor, ou pelo menos, não havia traço
de dor física, mas esse incômodo persistente mostrava-lhe sua diferença entre
os demais.
Começou a notar tudo isso há pouco tempo, na verdade, embora
soubesse da possibilidade de haver algo incomum dentro de si, sempre negou,
escondeu, obliterou essa curiosa sina lhe proposta sabe lá pelo que... Ou por
quem...
Mas agora tudo parece fazer muito sentido e a agonia de
esconder já não mais existia. Decidiu fazer notar tal fato quase como que
ostentando esse mal. Não havia vaidade ou mesmo orgulho, porém necessidade. Seu
corpo cansara de lutar contra cada investida atroz que lhe roubara a alegria de
viver ao longo do tempo. Como está implícito; era infeliz.
Porém nessa decisão de quase encarnar o mal, agora menos
contido e canalizado, aprendeu a domar não só a fúria louca crescente dentro
deste corpo relativamente pequeno, frágil e muito delicado. Agora aprendera
também a dissimular.
Óbvio, levaria tempo demais no embate com os entes comuns,
tentando lhes explicar sua decisão pelo mal pungente.
Como mulher, maquiava não apenas o rosto de carmim, mas
tingia a alma agora negra de tom pastel pra convencer, agradar, se proteger...
E a noite aprofundava e o mal lhe seduzia, lhe acariciava,
até que por fim terminava numa quase explosão, transformando sutil figura numa
máquina psicopata que fere tantas vidas quanto toca, quase que um Midas
reverso, que ao invés do brilho dourado reverte ao simples toque o gelo da
morte.
Escolhe cuidadosamente suas vítimas como quem desfila
tranquilamente numa liquidação de ponta de estoque. Visualiza gente como quem
compra carne. Experimenta, toca, sente e leva consigo. Se adorna da peça de
gente.
Quem por ela passa, seduzido por seu traquejo e beleza,
eloqüência e fluidez, poderia sequer imaginar que seria enfeitiçado por tão
convincente figura. Seus olhos castanhos
vidram a vítima como serpente maligna ou ainda, lhe envolvem na seda macia,
porém mortal de uma viúva negra.
Esse mal, acredita ela, é sua essência, faz parte agora de
seu ser. Depois que assim se viu, decidiu espalhar seu veneno e quem sabe
lograr êxito na conquista; seja de vítimas, seja de discípulos.
Você está imune?
Wendel Bernardes.
Para um viciado q deseja fugir das drogas o segredo é manter a distância.
ResponderExcluirMas o q fazer quando o que nós queremos fugir está em nós?
É Aurélio...difícil!!!
Bjs.
Por isso Jesus dizia que ANTES de tomarmos cada um a nossa cruz deveríamos negarmos a nós mesmos! Esse é o segredo... "Se é que segredos existem...' kkkkk
ResponderExcluirBasta a cada dia o seu mal.... Vamos adiante!
valeu,
Beijos!
Oi Wendel!
ResponderExcluirQue texto... precisamos vigiar, sempre, com muita oração.
Amigo, super abraço pra você e sua linda família.
Uma feliz e abençoada semana.
Valeu Cida... Grato pelas palavras. Boa semana pra vc tb!
ResponderExcluir