-Pois não... No que posso lhe ajudar?
-Na verdade não sei ao certo. Ando muito triste.
-As tristezas são coisas naturais na vida... Consegue
apontar os motivos das suas?
-Poderia dizer que é a forma que lido com minha família...
Encontro-me cansado das mesmas coisas todos os dias; a apatia se abateu nos meus relacionamentos...
Encontro-me cansado das mesmas coisas todos os dias; a apatia se abateu nos meus relacionamentos...
Ou ainda com meu trabalho. Passei anos formando-me,
graduando-me, mas ganho talvez um terço do que um profissional do meu quilate
deveria.
Meu carro estragou, meu grupo de bilhar se desfez... Briguei
com um grande homem.
-Algo mais?
-Ah, já que perguntou, tem sim...
-O que seria?
-Perdi o ‘grande amor da minha vida’, tudo porque deixei a
apatia se abater...
-O ‘grande amor’... Está falando...
-Ah não... Antes de casar... Era um belo relacionamento, mas
escapou-me das minhas mãos como água.
-E então?
-Então? Diga você!? Você é o terapeuta!
-Primeiro quero que você entenda que não se elucida algo
assim como que num passe de mágica. Quero que saiba...
-Sem rodeios, por favor!
-Pois bem. A apatia que você insiste em descrever é na
verdade um amuleto que você criou!
-Amuleto... ?
-Eu poderia descrever de forma acadêmica, mas você quer que
eu seja...
-Direto; claro... Prossiga!
-A vida meu caro, é fomentada pelos sentimentos que
desejamos cultivar. Cultive alegria e você viverá feliz. Cultive o amor e você
será amado... mas você desejou cultivar os pontos negativos. Desejou a apatia!
Deixou ‘o grande amor da sua vida’ passar; casou-se com a
segunda opção, permite que em seu trabalho lhe ditem até o que ganhar,
empurrando sua carreira para um amanhã que nunca chega!
Seu carro tem conserto. Existem novos jogadores de bilhar em
cada esquina e quem sabe esse ‘grande homem’ a que você se referiu se cansou de
ser apenas um esparro numa relação com quem só reclama...
-Como?...
-Meu caro, esse amuleto que você cultiva em seu coração não
lhe deixa ser feliz, simplesmente porque você não quer ser feliz...! Sinto
muito.
-É tudo?
-Na verdade não, mas depende de você...
-Obrigado pela sua opinião...
-Por nada, passe bem. Ah, mande um beijo pra Ângela e pras
crianças, diga a elas que o vovô sente saudades.
E quanto ao erro com o 'homem importante na sua vida', bem...
Eu te amo, filho!
-Ok papai... Até mais ver!
Wendel Bernardes.
Perfeito!!!
ResponderExcluirValeu Carol!
ResponderExcluirReviravolta perfeita no final! Fiquei: "Putz! É o pai dele!" rs
ResponderExcluirO pior é que geralmente é assim com a humanidade: sempre dando mais evidências aos pontos negativos de tudo.
Quem sabe um dia aprendemos a ver o copo meio cheio?
Poxa Alysson, que bom que que vc curtiu a 'reviravolta' do texto. Deixei aquela pimentinha de 'um homem importante da vida' e tal só para os desavisados ficarem com umas pulgas atrás das orelhas (kkkk)....
ResponderExcluirÉ complicado, às vezes ficarmos ancorados em situações que são absolutamente parte do passado, e pensamos: "como seria assim"... "como seria assado"... E ficamos fugindo da realidade tendo esses sentimentos como amuletos remetendo ao passado, como um 'souvenir indesejável' que te faz andar em marcha-ré.
Pra ouvir isso apenas de um terapeuta, e se ele for seu pai então.... Ainda mais eficiente!
Abraços!
Melhor é viver o presente !
ResponderExcluirBjs, Aurélio.
Depende do presente em que se vive... Eu prefiro 'investir no futuro', Ingrid! Beijos!
ResponderExcluirPerfeito!
ResponderExcluirValeu, Cynthia!
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