“Aguarde” - ele
ouve de seu mestre – “seu coração ainda não
está pronto para o que virá...”
Embora ele encontre sabedoria nas palavras do ancião, tudo
lhe está confuso, nublado. Seu sangue praticamente ferve nas veias. Ele se
levanta pronto para sair e no instante seguinte, se senta mais uma vez.
Não há medo em seus gestos, apenas a inquietação peculiar
dos jovens.
Seu mestre sabe que tudo pode ser posto em risco. Que seu ímpeto pode
arruinar não só a vida de seu amado discípulo, mas de todos que os cercam. Porém
nesse momento confiar é a única coisa que lhe resta. Apenas acompanha a errante
atitude de seu pupilo até que...
-Mestre, eu não agüento,
devo seguir meu destino!
-Seu destino está em
suas mãos, porém deve se lembrar que sobre seus ombros está não apenas o seu
desejo, mas o destino dos seus. Um passo errado e tudo que você ama,
desaparecerá!
-Mas não consigo
esperar mestre, devo prosseguir.
-Nem sempre ouvir
nosso coração é o bastante jovem guerreiro, lembre-se, ele é enganoso!
O discípulo falava de enfrentar seu destino, pondo em prova
seu treinamento, adiantando muitas etapas. Estava à sombra de sinistra gruta
que lhe atraía como o mar chama as águas do continente.
-Vou entrar, mestre!
-Deve entrar apenas se
estiver pronto.
-Como vou saber se
estou pronto? Alias como o senhor sabe se estou ou não pronto?
-Eu não sei, na
verdade nunca sei... quem deve saber é você!
-Então, minha decisão
está definitivamente tomada!
Ele se ergue derradeiramente, cinge seu corpo com sua
armadura, apanha cada utensílio na certeza do uso de cada arma. Veste-se
preparado para luta, mas a sombra de seu destino final ainda o aflige. Até que
toma sua grande espada - a espada de um príncipe – e a embainha sabendo que
dela fará uso brevemente, que dela, dependerá sua vida.
Seu mestre, triste em notar sua hesitação e saber que o que
lhe motiva está mais nos fatores externos do que em seu desejo de cumprir seu
papel, apenas lhe observa com olhar atento, fraterno...
-O que há lá dentro,
mestre?
-Não há nada... apenas
encontrará lá o que levar daqui!
O jovem aposta em seu destino e embrenha-se numa mata
mortal, onde cada planta possui um propósito, cada animal lhe desafia, cada
sombra lhe ameaça...
Caminha até que lhe surge, imponente e soturna a gruta
macabra que lhe rouba a paz.
Assim que adentra desembainha seu aço nobre, talvez crendo
que seu brilho constante lhe guiará na direção certa.
Ouve ruídos assustadores. Chamados, assovios, risos... Sente que cada centímetro ali quer roubar sua vida, fazer-lo perder o foco, envergonhar seu propósito. Mas agora crê que deve concluir sua intifada. Precisa provar a todos que não é mais um menino, que agora é um valente, precisa então agir como tal!
Diante dele surge figura encouraçada. Um monstruoso e
gigantesco guerreiro trajando negro, empunhando sua espada afiada e mortal. Ameaçadoramente
cruel, terrivelmente cabal!
Obviamente assustado o guerreiro se lembra das palavras de
seu mestre e crê que lhe pregara uma mentira, afinal este demônio não é nada?
Salta sobre o mal como que querendo esmagar sua origem. Desfere-lhe
golpes adestrados, ágeis, potentes. Embora pequeno em relação ao seu oponente acredita
que a luta pode, e será vencida pela sua fé.
Golpe após golpe, vai costurando a possibilidade de sua vitória, mas não consegue deixar de ouvir os rosnados do inimigo, sua respiração metálica; quase pode sentir seu ódio materializado...
Golpe após golpe, vai costurando a possibilidade de sua vitória, mas não consegue deixar de ouvir os rosnados do inimigo, sua respiração metálica; quase pode sentir seu ódio materializado...
Então, tomado de um gesto inacreditavelmente veloz corta a
cabeça do inimigo negro fazendo-o cair!
Cansado, porém vingado, o jovem vai em direção ao seu troféu
e quer como principal espólio de guerra dessa luta ver a face de seu algoz.
Sem se importar com o sangue abundante tornando ainda mais
sinistra aquela cena, ele se ajoelha diante da cabeça do guerreiro vencido e
lhe abre o elmo.
Assustado cai de sua própria altura, como que vencido pelo demoníaco
guerreiro, mesmo depois de sua morte.
Embevecido pelo caos que lhe atrapalha as idéias, nota
tardiamente que o que seu velho mestre lhe disse era real afinal. Dentro do
elmo do monstro, havia jaz e desfigurada sua própria face como um maldito
espelho lembrando-lhe quem é realmente seu maior inimigo!
Wendel Bernardes.
[livremente adaptado da cena do filme O Império Contra-Ataca (Star Wars: Episode V - The Empire Strikes Back), de 1980]
WENDEL! QUE ISSO? LINDO DEMAIS!!!!
ResponderExcluirGRANDE APRENDIZADO...
Inteligência pura....rsrs
Um abraço, fica com DEUS.
Valeu a visita Clélia! Abraços e fique com Deus vc também!
ExcluirPosso postar no meu BLOG?...rsrsrs
ExcluirClaro que pode, seria uma honra!
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