terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

As Lendas de Ekklésia: O Encontro.



Há muito tempo, num lugar um pouco distante daqui, havia um grande Príncipe. Ele era muito mais do que um simples ‘príncipe encantando’, na verdade Ele era o próprio conceito de que um príncipe deveria ser. Franco, honesto, humilde e popular.

Era alguém extremante apaixonado por seus súditos, mas estava distante da idéia do príncipe convencional. Não se vestia com o luxo dos trajes reais; na verdade, suas roupas pareciam-se mais com as que os pescadores, ou os carpinteiros usavam. Roupas de operários; verdadeiros trapos na visão de alguns!
Não montava um belo corcel branco, com crinas esvoaçantes e galopadas trovejantes.  Usou vez ou outra jumentinho novo, com passadas leves e jeito manso, aliás, como seu Amo e Senhor.
Mas numa coisa, Ele não destoava dos outros príncipes. Estava em busca de Sua amada, de Sua futura bela princesa.

Ela era plebéia e estava ‘desamparada’ por assim dizer. Não vivia trancafiada em calabouço fétido com correntes nos pés. Não estava aprisionada em torre alta, inacessível, tendo por companhia ratos e morcegos. Não era refém de trolls ou cíclopes. Alguns acreditavam que esteve à mercê de um dragão maligno, e isso não posso negar, não deixa de ser verdade, mas essa futura princesa estava mesmo era nas ruas, atribulada, sofrida, errante. Estava nas casas de família, nos bordéis, nas esquinas, nas escolas, ou no poço de Jacó. Estava enferma, coxa, manca, aleijada. Estava triste, estava só.
Perdida em si mesma, desesperançosa e carente de Amor.

Houve momentos em que pensou em se aventurar nos braços de outros príncipes. Houve momentos em que acreditou que seu Prometido não passava de uma lenda. Um belo e utópico mito que os velhos contavam para que os jovens não perdessem a esperança no futuro e na vida.
Mas então, a velha profecia se cumpriu e o Noivo Príncipe encontrou sua Noiva plebéia.

Foi um breve momento numa eternidade plena, mas bastou! A esperança havia voltado ao coração da pobre princesinha. Uma explosão de contentamento, misturada aos flashes de tudo que os antigos lhe contaram por séculos veio à tona.

Ele era tudo que lhe disseram e muito mais!
Embora tivesse um rosto comum; nem lindo, nem feio, porém sofrido, pois era homem de dores: ela o via com rosto cintilante, pés como o metal polido, cabelos alvos como a lã, corpo de guerreiro invencível, palavras cortantes como espada flamejante.
Ele era gentil, amável, puro, simples, mas ela também o enxergava nobre, poderoso em seu Reino e glória. Embora plebéia, possuía uma visão Dele, que nem os nobres poderiam ter, pois Ele para ela era sem preço, um Ser de inigualável envergadura.

Ele veio para cumprir a profecia, que dizia que deveria haver um sacrifício pelo resgate da princesa do povo e assim o fez. Aqueles que se sentiam ameaçados por sua grandeza a Amor mataram-no cruelmente. Seu sangue escorreu e lavando a todos os que ouviam (e os que não ouviram) de sua morte. Tanto sangue jorrou, que não tendo mais o que verter, doou água de si mesmo.

Ao final, cônscio de seu destino e tomado pela dor, clamou ao seu Pai Poderoso num brado que ecoou com voz de incontáveis vidas e disse: “Está Consumado”!

O dia se fez noite, o sol tornou-se trevas, os mortos voltaram à vida e levantaram das tumbas (coisa que fez em vida, porque não o faria na morte?), barreiras naturais e espirituais foram ao chão... A morte trouxe vida e liberdade à princesinha.

Embora só (fisicamente falando), estava certa que Ele, com Seu poder extremo, ressurgiria dentre os mortos e a levaria para casa. Depois de três longos e sufocantes dias, a princesinha viu com seus próprios olhos o Príncipe renascer. Antes de voltar aos seus domínios Ele disse à Sua Amada:
“Prepare-se amada minha... vou ao meu Pai para lhe preparar lugar que lhe foi profetizado desde os séculos, mas é preciso que esteja apercebida. Agora como minha princesa é necessário que se adorne, que use meus perfumes, que se purifique e busque dentro de si tudo que lhe ensinei e lhe deixei...
Vou mas volto logo para lhe buscar e esse enlace será a coisa mais inigualável, mais pura e linda que homem ou anjos jamais viram. Cuide-se, já venho... e te levarei para ser minha rainha... Eu te Amo princesa!”

Aquela princesinha está ainda hoje se ornando, se embelezando, tornando-se digna para o Noivo e aguardando Sua volta. Ela é feita de cada ser que ama o príncipe e ao Seu Reino e que aceitou Sua soberania em sua vida.

Ele breve vem, e está ansioso para torná-la definitivamente... Sua!

Wendel Bernardes

2 comentários:

  1. Maravilhosa descrição da Noiva e do Noivo, Wendel!!!

    Tenho certeza que teremos muito mais aqui, sobre esse romance!!!

    Abração e continue na Paz!

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  2. Valeu René,
    teremos sim, além do romace dos noivos, muito mais coisas que envolvem a realidade do Reino de Ekklésia (até porque nem só de 'romance' se faz um Reino...rsrsrsrsr).

    Na paz, mano!

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